O XIII Prémio Rafael Manzano de Nova Arquitetura Tradicional foi concedido pela Fundação Culturas Construtivas Tradicionais a Francisco Ortega Montoliu, arquiteto asturiano sediado em Madrid. As suas obras permitiram recuperar edifícios históricos que se encontravam completamente em ruínas e destiná-los a novos usos, o que contribuiu para a reativação dos núcleos rurais onde se encontram.
Francisco de Calheiros foi galardoado com a Medalha Richard H. Driehaus para a Conservação do Património 2025 pelo seu contributo excecional para a conservação do património arquitetónico, cultural e paisagístico de Portugal.


– Francisco Ortega Montoliu, Prémio Rafael Manzano 2025 –

A sua trajetória destaca-se pela contribuição para dar nova vida ao património construído do meio rural. Muitos desses trabalhos, realizados em colaboração com a Paisajes de Asturias, permitiram criar novos espaços para uso turístico ou destinados à realização de diversos eventos em locais antes abandonados.
O seu trabalho é também exemplar no que diz respeito ao uso da linguagem e dos sistemas construtivos próprios dos edifícios em que intervém para dar forma a novos espaços concebidos para o seu uso contemporâneo. Desta forma, os edifícios sobre os quais atua são atualizados de forma bela com recurso a novos designs que se harmonizam com os pré-existentes, de modo que não só conservam a sua autenticidade, mas também potenciam os seus valores arquitetónicos.
Os seus trabalhos de maior destaque deste tipo concentram-se no oeste das Astúrias, onde interveio em numerosos edifícios representativos da arquitetura civil dos séculos XIV ao XX. Em cada uma dessas obras, ele restabeleceu a unidade construtiva e formal das estruturas originais, adaptando-as às necessidades contemporâneas, sem deixar de realçar o seu caráter e a relação que mantêm com o território em que se integram. Na sua arquitetura, pode apreciar-se o domínio das formas, dos materiais e dos sistemas construtivos próprios de cada local, bem como uma capacidade singular de incorporar naturalmente soluções atuais a partir da linguagem própria do edifício.
Formado pela Escola Técnica Superior de Arquitetura de Madrid e pela Bartlett School of Architecture de Londres, Francisco Ortega exerce a profissão desde 2003 e dirige o estúdio Enero Arquitectura desde 2006. Ao longo da sua carreira, especializou-se tanto na intervenção no património arquitetónico como em projetos na área hospitalar. Entre os seus trabalhos mais destacados encontram-se o Palácio dos Pardo Donlebún em Figueras, o Palácio das Torres de Donlebún em Barres, o Palácio do Marquês de Santa Cruz em Castropol, a Casa dos Perecitos e a Torre dos Moreno em Ribadeo, a Villa Excélsior em Luarca e as reabilitações dos Paradores de Ciudad Rodrigo e Gredos.


– Francisco Calheiros, Medalha Richard H. Driehaus para a Conservação do Património 2025 –

A sua trajetória, guiada por uma profunda consciência do valor do património construído, uma visão empreendedora e um firme compromisso cívico, contribuiu decisivamente para a recuperação e revitalização de inúmeras casas históricas e paisagens rurais no norte do país, o que permitiu consolidar um modelo exemplar de gestão sustentável do legado cultural português.
Nascido no seio de uma antiga família do Minho, Francisco de Calheiros dedicou mais de quatro décadas à proteção e recuperação do Paço de Calheiros, uma mansão senhorial do século XVIII que domina o vale do Lima e que pertence à sua família há várias gerações. Sob a sua direção, a propriedade recuperou a sua harmonia original graças a uma restauração orientada pelo respeito pelos materiais e pelas técnicas de construção tradicionais do local. A sua reabilitação permitiu conservar não só o edifício e os seus jardins históricos, mas também as práticas agrícolas, os ofícios e a vida comunitária que lhe davam sentido. Com isso, estabeleceu um modelo em que o turismo, entendido como veículo de transmissão cultural, contribui para conservar o património e fortalecer a economia e a vida social à sua volta.
Com o objetivo de estender essa experiência a outros proprietários e territórios, fundou a associação TURIHAB e criou a rede Solares de Portugal, que hoje reúne mais de 120 casas espalhadas por todo o país. Estas habitações, classificadas em três categorias – Casas antigas, Quintas e herdades e Casas rústicas –, partilham o mesmo objetivo: manter viva a arquitetura tradicional portuguesa e a hospitalidade que constitui uma parte essencial da sua cultura. Graças a esta iniciativa, as residências históricas da rede foram integradas num conjunto coerente de alojamento e experiências culturais, onde cada proprietário assume o papel de anfitrião, narrador e guardião da memória da sua casa e do seu território.
O seu trabalho também se estendeu à conservação do património público. Como presidente da Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Lima (ADRIL), impulsionou durante mais de trinta anos a aplicação em Portugal do programa europeu LEADER, baseado numa gestão participativa e descentralizada do desenvolvimento rural. Sob a sua liderança, a ADRIL financiou dezenas de projetos agrícolas, turísticos e culturais que ajudaram a manter viva a economia local e reforçaram a coesão social do vale. A sua abordagem, baseada na cooperação entre autarquias, associações, profissionais e empresários, consolidou um modelo exemplar de governação territorial que liga a conservação do património ao bem-estar das comunidades que o habitam.




