Prémio Rafael Manzano
2020
Fernando Martín Sanjuán nasceu em 1949 e estudou Arquitectura em Barcelona, onde se licenciou em 1974. Durante todo o seu percurso profissional, Fernando dedicou-se, de forma discreta e perseverante, a enriquecer o património arquitectónico de Écija. Em sua obra procurou sempre que a coerência e a coesão deste conjunto histórico se vissem sempre fortalecidos pelo seu trabalho. Trata-se, portanto, de uma obra que escapou a qualquer personalismo e que procurou, ao contrário, ser mais uma peça de um todo com lógica e caráter próprios.
Com o mesmo cuidado e atenção que teve na restauração e reabilitação de alguns dos edifícios mais singulares da cidade de Écija, monumentos do barroco de Écija, como o Palácio de Benamejí, o Palacio de Santaella ou o Palacio de Casa Saavedra, Fernando concebeu uma série de novos edifícios com o objectivo de serem acrescentados ao cenário dos monumentos mais representativos da cidade. Estas obras foram elaboradas de acordo com o estilo formal e construtivo dos modelos vernáculos tradicionais da cidade, contribuindo assim para a preservação do equilíbrio e a legibilidade de uma hierarquia urbana que, de outra forma, estaria em risco de ameaça.
A sua motivação centra-se não só na inserção harmoniosa de elementos para tapar os diversos espaços vazios existentes no tecido urbano através da elaboração de desenhos novos, como também na restauração e ampliação de construções já existentes com o objectivo de recuperar o seu uso ou beleza antiga. Como arquitecto, respondeu às propostas de cada caso particular, criando, ao mesmo tempo, um modelo que servisse para qualquer intervenção num conjunto cuja coerência e coesão estivessem sempre relacionados. O seu trabalho evita, portanto, qualquer forma de expressão individual e pessoal, dado que o seu objectivo era acrescentar outro elemento ao conjunto com lógica e personalidade próprias.
Longe de procurar a inovação e a mudança, Fernando procurou com determinação que o seu trabalho confluísse com a tradição local. Para isso, evitou romper e descontextualizar o tecido urbano, concebendo formas do presente como uma continuação e atualização das formas e modos de fazer herdados do passado que ainda perpetuam entre mestres artesãos de Écija.
As suas obras preencheram os vazios produzidos no tecido urbano, dando continuidade às suas ruas e praças de um modo exemplarmente discreto. Ao mesmo tempo, o alcance social de algumas destas restaurações, como a do Palácio de Benamejí, é realmente notável, pois convertiu-se num fórum de encontro para os seus cidadãos, quer através do Museu Histórico ali instalado, quer através de certames e conferências às quais arquitectos, pintores e poetas acodem de modo regular, enriquecendo a vida cultural da cidade.
Fernando é, hoje, membro da Real Academia de Ciencias, Bellas Artes y Buenas Letras “Vélez de Guevara” e a sua obra é uma lição diária viva para a cidadania.
A cerimónia de entrega do Prémio Rafael Manzano 2020 a Fernando Martín Sanjuán e da Medalha para a Preservação do Património 2020 a Vítor Cóias celebrado na tarde de 19 de novembro, na Academia Real de Belas Artes de San Fernando, em Madrid. O ato foi presidido pela Excma. D. Ana Pastor, Vice-presidenta do Congresso, S.A.R. D. Pedro Borbón Dos Sicilias, Duque da Calábria e o Excmo. Sr. D. Fernando de Terán, Director da RABASF. Intervieram de forma virtual D. Richard H. Driehaus, filantropo americano que apoia esta iniciativa, e D. Robert Adam, presidente da INTBAU UK e do Júri destes Prémios.
A laudatio de Fernando Martín Sanjuán foi realizada por Rafael Manzano, que não pôde estar presente, pelo que a leu em seu nome Leopoldo Gil Cornet, vencedor inaugural deste Prémio. Por sua vez, a de Vítor Cóias esteve a cargo de D. Vasco Freitas, que interveio desde Porto.
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