Escola de Verão 2017

Navarre

Os participantes da Escola de Verão deste ano, durante a segunda metade do mês de Julho, estudaram e analisaram a construção, arquitetura e urbanismo tradicionais do Vale de Baztán, recolhendo informação sobre as ruas, detalhes e edifícios de Amaiur e de outras cidades vizinhas, e desenhando-os à mão. Vários projetos, com o consenso da comunidade de Amaiur, foram desenhados durante os últimos dias, para além de propostas que foram feitas no sentido de melhorar diferentes espaços públicos. O objetivo foi não só documentar, compreender e assimilar a relação entre a arquitetura e a estrutura urbana, e entre a paisagem e a cultura, mas também enfatizar que podemos continuar a trabalhar no tempo presente sem quebrar este elo.

Apresentação

Esta escola foi organizada pela INTBAU e Prémio Rafael Manzano, graças ao apoio de Richard H. Driehaus Charitable Lead Trust e a colaboração de Institución Príncipe de Viana del Gobierno de Navarra, Universidad de Navarra, Universidad del País Vasco e Universidad Alfonso X el Sabio, Pontifical and Royal University of Santo Tomas (Filipinas), las escolas de arquitectura de Judson University, University of Miami e University of Notre Dame (EEUU), Escola Superior Gallaecia (Portugal), Centro de Investigación de Arquitectura Tradicional (CIAT), Sociedad Aranzadi, Baztango Udala, Amaiur Herria e Sociedad Gaztelu Elkartea.
Enquanto que o pensamento a curto-prazo e a progressão equivocada delapidam regiões inteiras, as pessoas do Vale de Baztán (um dos vales dos Pirinéus a norte da Navarra) conseguiram preservar até à presente data um tesouro cada vez mais valioso: a sua tradição. Os picos elevados que a protegem dão lugar a vales com prados verdejantes sulcados por riachos abundantes, e são pontilhados por povoações urbanas notavelmente bem preservadas, ainda circundadas pelos pequenos pomares que provêm a subsistência dos seus habitantes. Nestas povoações, o verde dá lugar à cor vermelha intensa da pedra local com a qual eles construíram historicamente os seus edifícios, juntamente com a cal branca da argamassa que os protege e reforça.
Assim como em qualquer outro lugar que tome conta do seu legado, entregar esta paisagem a gerações futuras não é uma tarefa fácil, nem livre de desafios e ameaças. Substitutos sintéticos competem para afastar não só os produtos dos seus campos, mas também as mãos dos seus artesãos. No entanto, os seus carpinteiros, ferreiros e canteiros continuam a confrontar, com orgulho e perícia, a avalancha de betão armado e produtos pré-fabricados que paira sobre o vale. Felizmente, podemos continuar a contar com estes professores para aprender e ser ensinados a construir e viver de uma forma racional.
A maior parte do estudo foi levado a cabo em Amaiur, a cidade que acolheu o grupo durante essas duas semanas. Articulada em torno da ramificação do Caminho de Santiago que a atravessa, a parcela urbana é praticamente configurada segundo um desenvolvimento linear. Ao longo deste eixo de riqueza, diversidade e versatilidade da sua tradição arquitetónica, encontram-se todas as amostras de soluções de diferentes eras, e indícios de se ter adaptado sem nunca ter perdido a sua essência para múltiplos estilos e funções. Portanto, nós prosseguimos com o estudo de toda a arquitetura do núcleo urbano, do detalhe até à sua estrutura urbana.
Este trabalho foi complementado com numerosas palestras de vários profissionais e investigadores, que eram tanto locais como internacionais, sobre história, etnografia, tradições de arquitetura e construção, e vários tópicos relacionados com a preservação da herança cultural e da identidade local. Além disto, os professores apresentaram a sua própria obra. Embora tenha sido desenvolvida em diferentes partes do mundo, partilhava um princípio comum que era aplicável em todo o lado: a vontade de manter a continuidade com a tradição local, atualizando-a e adaptando-a às necessidades variáveis de cada momento.
Tendo distribuído o trabalho a ser levado a cabo em equipas, os participantes elaboraram finalmente, e como resultado da análise e dos debates durante os dias precedentes fizeram diferentes propostas de melhoria de algumas partes das localidades, que tinham sido referidas pela própria comunidade. Estes espaços foram: a praça da igreja, que serve de ponto de acesso à cidade e onde se planeia construir um centro de interpretação que aloja as descobertas das campanhas arqueológicas de estudo do castelo; a extremidade norte do núcleo urbano, onde o eixo do Caminho de Santiago se cruza com a estrada que sobe até ao castelo e onde fica a ermida; o frontón e as áreas adjacentes, onde também se encontra a escola – todos estes formando um nervo central de atividade local; e alguns espaços vazios e partes únicas do centro histórico urbano.
Tentou-se mediante tudo isto abranger todos os aspetos da restruturação urbana, a reutilização de estruturas pré-existentes, reabilitação arquitetónica, novas construções, acessibilidade, e integração com a paisagem, tentando aplicar nestas diferentes áreas a validade contemporânea das lições contidas na tradição arquitetónica.
Foram sugeridos edifícios que servem diferentes propósitos. A ênfase foi também colocada no controlo das dimensões e do carácter dos espaços públicos: as secções da rua, a configuração do espaço, os materiais que o compõem, etc. No que toca à materialização das medidas e espaços propostos, procurou-se não só continuar o legado arquitetónico da população, mas também crescer a partir dele e aprender com ele, e tentar sempre enriquecê-lo adaptando-o às necessidades dos nossos tempos.
Este grupo de participantes foi composto por pessoas com diferentes perfis, idades e nacionalidades: Cecilia Ardanaz Ruiz, Ludmila Castro Fiorito, Lola Weijia Deng, Daniela Elisabeth Deu, Nazar Dmiuterko, Daniel Domenech Muñoz, María Mercedes Escrigas Rodriguez, Michellin Fernandez Querijero, Noelia Goce Vicente, Nuria González Roche, Courtnay Ives, Yuhan Jin, Usue Lacarra Prieto, Junquera Lamas Baquero, Therese Madigan, Johann Alejo Mallonga Abellanosa, Cristina Martín-Consuegra Escuderos, Phoebe Joy Montaña Lim, Alba Ramírez Arteaga, Cristina Sánchez Rodríguez, Jenefy Sarte, Ángel Satué Falla, Manuel Homer Trinidad Almelor, Ralph Jason Ureta Fajardo, Carolyne Yeow, Christiaan Zandstra e Sam Xinyuan Zhuang.
A equipa de ensino foi composta por: Ruth M. Equipaje y Rino D. Fernández (Pontifical and Royal University of Santo Tomas, Filipinas), Leopoldo Gil Cornet (Institución Príncipe de Viana del Gobierno de Navarra y Universidad de Navarra), Frank Martínez (University of Miami), Christopher Miller (Judson University), Lucien Steil (University of Notre Dame) e Alejandro (Universidad Alfonso X El Sabio), coordenador e organizador da mesma com a colaboração da Rebeca Gómez-Gordo Villa. Ele contou também com as demonstrações e explicações realizadas pelo Mestre Canteiro Valeriano Jaurrieta e pelo carpinteiro Jokin Irungarai nos seus workshops respetivos, e com a participação dos oradores convidados: Mónica Alcindor, Juan María Alemán, Cecilia Ardanaz, José Baganha, Rui Florentino, Jaime de Hoz, José María Imízcoz, Pello Iriarte, Gabriel Laborra, Rafael Manzano Martos e Fernando Vela Cossío.

Programa

Descarrega aquí o Programa de la Navarre Traditional Architecture Summer School 2017

Estudo da tradição local

Desenhos de Amaiur

Desenhos de Arizkun

Desenhos de Donamaría

Desenhos de Etxalar

Desenhos en Irurita

Desenhos de Lesaka

Desenhos de Ziga

Catálogo de pormenores

Proposta

Projetos em espaços vazios do Amaiur

Largo da igreja, acesso à vila

Travessia do Caminho de Santiago e subida ao castelo

O Frontón e os seus arredores

Arredores do palácio